quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A maior cruzeirense que eu conheço

Meu nome é Danielle Carmen Hot e há 33 anos sou a pessoa mais cruzeirense que eu conheço. Sei que isso pode soar arrogante, mas é assim que me sinto mesmo! Deixe-me explicar por que:

Quando minha mãe estava grávida de mim, meu pai, ao contrário da maioria dos homens, queria que eu fosse uma menina. Seu desejo se realizou, e desde que eu tinha três anos de idade, ele me levava ao Mineirão para acompanhar a Raposa em ação. Uma das primeiras palavras que eu aprendi foi: “Zerooo”. Eu não gostava de bonecas; eu gostava de bola. Não gostava de rosa (era um prenúncio do futuro, não é Kalil), sempre gostei de azul. Não brincava de cirandinha, eu brincava era de “paulistinha”.

O primeiro jogo que eu fui em minha vida foi logo um clássico contra o ex rival do outro lado da lagoa. E apesar de naquela época o time listrado ser mais forte, o Cruzeiro venceu. Eu me lembro que olhava para os lados, vendo aquele mar azul gritando gol e fiquei em êxtase. Não sabia o que era felicidade até aquele dia. Cheguei em casa cantando um refrão que aprendi: “1,2,3/ 4,5,mil/eu quero que o galo vá pra…”. Minha mãe me repreendeu e meu pai era só alegria!

O tempo foi passando e o amor pelo Cruzeiro só aumentando. Minha família é toda cruzeirense fanática, o que sempre colaborou para que o Cruzeiro estivesse presente em minha vida. Entretanto, não era fácil manter crianças cruzeirenses na década de 80. O time do ex-rival, ainda que não conquistasse nada além de campeonatos estaduais, era bem superior ao nosso, e a nossa torcida em Belo Horizonte era pequena se comparada com a torcida zebrada.

Mas o sangue azul que corre nas minhas veias é mais forte que tudo e eu sempre respondia às provocações dos galináceos quando vinham me questionar sobre a tal estrela amarela que até então não tínhamos, embora já fôssemos campeões da Taça Brasil de 1966 em cima do Santos de Pelé e Campeão da Libertadores de 1976 com Tostão e Dirceu Lopes.

Eu e meu pai íamos e voltávamos do Mineirão a pé, eram tempos difíceis. Confesso que às vezes ele pulava o muro porque não tinha dinheiro para pagar o ingresso e eu, como sempre fui muito pequena, entrei no Gigante da Pampulha como “menor de 12 anos não paga ingresso” até os 17 anos de idade! Tudo isso para muitas vezes ver o Cruzeiro jogar, sendo que na maioria das vezes éramos os famosos geraldinos. Para ser Arquibaldo era caro demais!

Quando o Cruzeiro jogava fora de BH, eu e meu pai escutávamos o jogo no rádio do Opala que ele teve uma época. Ou então em um radinho de pilha bem velho, primeiro na voz de Vilibaldo Alves e depois soberano na voz de Alberto Rodrigues. Além disso, fui mascote por vários anos, sempre entrando com o volante Douglas, um orgulho para mim, já que este jogador era da base do Cruzeiro e amigo da minha família do bairro Renascença.

O tempo foi passando, as coisas foram melhorando, tanto para mim e meu pai quanto para o Cruzeiro. Vieram títulos e mais títulos importantes, dentre os quais destaco o Campeonato Mineiro de 1990, com um gol de cabeça de Careca, para mim, o divisor de águas que iniciou o nosso crescimento; as Supercopas de 1991/1992; as Copas do Brasil de 1993/1996/2003, especialmente a de 2000, que foi o jogo mais emocionante de todos os tempos ocorridos na Toca III; o Campeonato Brasileiro de 2003 e Libertadores de 1997.

O Cruzeiro é a minha vida, está enraizado em minha história. Ao falar de mim, ao se lembrar de Danielle Hot imediatamente já se associa ao Cruzeiro, ao azul, as 5 estrelas mais vitoriosas do planeta. Já tive namoro que se desfez porque o dito cujo torcia pro time de rosa! Não uso qualquer roupa que seja preta e branca ao mesmo tempo. Aqui na minha casa não compramos o azeite da marca Gallo por razões óbvias. Qualquer coisa que eu vá adquirir primeiro eu pergunto se tem cor azul, se tem em formato de estrela, se não, nada feito!

E por que o amor é azul conheci o meu noivo no Mineirão, num dia de jogo do Cruzeiro contra o time galináceo, onde ganhamos com um gol do Ramires aos 46 do segundo tempo. Melhor primeiro encontro não poderia haver, não é mesmo? Vamos nos casar unidos por um amor recheado por páginas heroicas imortais, onde a imagem do Cruzeiro resplandece!


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